quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"Vi-Vendo" Exposições: Ron Mueck

Ron Mueck: Exposição na Pinacoteca do Estado de São Paulo

Luis Afonso Salturi

Ron Mueck nasceu em Melbourne, Austrália, em 1958. É um artista conhecido por suas esculturas de figuras humanas com dimensões de escala e realismo dos personagens. Os temas, materiais e técnicas utilizados fazem dele um artista muito original, inovador e contemporâneo. 
Filho de uma família alemã de fabricantes de brinquedos, desde criança Mueck conviveu com técnicas de criação e animação de bonecos, mas nunca teve uma formação artística tradicional. Trabalhou anos com animação de personagens de televisão, cinema e publicidade. Foi na década de 1990 que começou a se dedicar exclusivamente à produção artística. Atualmente Mueck trabalha na Grã-Bretanha, tendo um estúdio em Londres.


Cartaz em frente à entrada da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Saída das Salas

Essa exposição de Ron Mueck fez muito sucesso pelos países por onde passou: Japão, Austrália, Nova Zelândia, México e Argentina. No Brasil, já passou pelo Rio de Janeiro e estará em cartaz de 20 de novembro de 2014 a 22 de fevereiro 2015 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. A exposição é patrocinada pelo Bradesco e foi concebida pela Fondation Cartier pour l’art contemporain, de Paris, tendo curadoria de Hervé Chandès e Grazia Quaroni.

As esculturas de Ron Mueck, como o grande autorretrato adormecido Mask II (Máscara II) tornam os sonhos em realidade. Drift (À deriva) e Youth (Juventude) evocam obras passadas. Still Life (Natureza morta) faz parte da tradição clássica do gênero. Woman with sticks (Mulher com galhos) lembra muito os contos de bruxas. Dentre as outras obras apresentadas estão Young couple, 2013 (Jovem casal), Woman with shopping, 2013 (Mulher com compras) e Couple under umbrella, 2013 (Casal debaixo do guarda-sol).

Mask II, 2002 (Máscara II). Coleção Anthony d'Offay.

Drift, 2009 (À deriva). Coleção particular.

Youth, 2009 (Juventude). Coleção particular.

Detalhe Youth, 2009 (Juventude). Coleção particular.

Young couple, 2013 (Jovem casal). Coleção particular.

Detalhe Young couple, 2013 (Jovem casal). Coleção particular.

Detalhe Young couple, 2013 (Jovem casal). Coleção particular.

Ao fundo Still Life, 2009 (Natureza morta). Coleção do artista.

Detalhe Still Life, 2009 (Natureza morta). Coleção do artista.

Detalhe Still Life, 2009 (Natureza morta). Coleção do artista.

Detalhe Still Life, 2009 (Natureza morta). Coleção do artista.

Detalhe Still Life, 2009 (Natureza morta). Coleção do artista.

Woman with sticks, 2008 (Mulher com galhos). Coleção Fondation Cartier pour l’art contemporain,

Woman with sticks, 2008 (Mulher com galhos). Coleção Fondation Cartier pour l’art contemporain,

Woman with shopping, 2013 (Mulher com compras)

Detalhe Woman with shopping, 2013 (Mulher com compras)
Man in a boat, 2002 (Homem em um barco). Coleção Anthony d'Offay.

Detalhe Man in a boat, 2002 (Homem em um barco). Coleção Anthony d'Offay.

Couple under umbrella, 2013 (Casal debaixo do guarda-sol). Coleção Caldic Collectie.

Couple under umbrella, 2013 (Casal debaixo do guarda-sol)

Detalhe Couple under umbrella, 2013

Detalhe Couple under umbrella, 2013
Detalhe Couple under umbrella, 2013
  
Detalhe Couple under umbrella, 2013

Detalhe Couple under umbrella, 2013

Detalhe Couple under umbrella, 2013

Couple under umbrella, 2013 (Casal debaixo do guarda-sol). Coleção Caldic Collectie.

Vista do segundo andar.
Fotos: Luis Afonso Salturi e Sandro Marcos Bino

Quer visitar a exposição de Ron Mueck? Informações no Site da Pinacoteca
Sobre o artista ver o documentário  Ron Mueck - Still Life disponível em partes

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Diálogos: Entrevista com Rafael Greca

Rafael Greca de Macedo, foto de 
sua página no facebook.
Rafael Greca de Macedo é economista, engenheiro, escritor e político paranaense. Formado em Economia e Engenharia Civil, já foi Vereador, Deputado Estadual Constituinte, Prefeito de Curitiba, Deputado Federal e Ministro de Estado do Esporte e Turismo.


Luis Afonso SalturiQual influência seus pais tiveram em sua formação cultural?
Rafael Greca: Meus pais foram professores, e mestres de vida. Therezinha Greca de Macedo, minha mãe, nunca descuidou de orientar meus estudos, sempre acompanhou as lições de casa até onde sua formação permitiu. Depois, nunca deixou de cobrar rendimentos, e foi excelente companheira, nas madrugadas de estudo para o vestibular e a escola de engenharia, acolhendo a mim e meus colegas, e nos acarinhando com merendas, mesmo nas horas mais tardias. Eurico Dacheux de Macedo, meu pai, foi engenheiro rodoviário, professor da Universidade, pioneiro da computação eletrônica no Paraná. Homem de leituras, seu exemplo diário, de olho nos livros, qualquer que fosse a hora do dia, na biblioteca lá de casa, sem duvido me influenciou. Também descortinou diante de meus olhos de menino a paisagem do Paraná, do Brasil, do Paraguai, Uruguai e Argentina, em viagens inesquecíveis. Inclusive fomos juntos ao Brasil profundo, dos sertões e veredas.

Luis Afonso SalturiAlguns autores mencionam seu avô como influente e inspirador em sua vida. Poderia comentar um pouco sobre isso?
Rafael Greca: Manoel Valdomiro de Macedo, o único avô que conheci, pois os outros 3 haviam morrido antes do meu nascimento, era um contador de histórias, homem culto, da antiga tradição paranaense. Sem dúvida, sofri influência dos seus diálogos lá em casa, as conversas com seu cunhado tio Dacheux – Leandro Dacheux do Nascimento, com suas irmãs Odaléa de Macedo Caron e Rosinha de Macedo Bueno, e com sua sogra – minha bisavó – Edeltrudes Nery da Fonseca Taverny Dacheux do Nascimento. Também os amigos de meu avô conversavam comigo: Júlio Moreira, Valfrido Pilotto, David Carneiro, Newton Carneiro, Maria Nicolas, Pompília Lopes dos Santos. Mas também me provocava muito, e estimulava a inteligência a buliçosa casa de minha Tia Chiquita, Francisca Greca, minha madrinha de batismo, e que alfabetizou aos 4 anos, na louza verde colocada no torreão de sua casa, então uma espécie de gineceu, quarto de costura, onde ficavam as mulheres e as crianças. Lembro-me da chuva fria batendo nas janelas daquela torre onde pela vez primeira encontrei as letras.

Luis Afonso SalturiComo foi a experiência de ter escrito para jornais no início de sua carreira (Voz do Paraná, Tempos Modernos, De olho na Rua, Estado do Paraná)?
Rafael Greca: O jornal Voz do Paraná foi uma escola de redação. Ali convivi com jornalistas do porte de Celso Nascimento e Benedito Pires. No Estado do Paraná, convivi com Aramis Millarch, Mussa José Assis,Manoel Carlos Karam, Dante Mendonça. Houve ainda a influência das professoras Adalice Araújo e Adaline de Araújo Caron, uma crítica de arte e estudiosa da cultura paranaense, outra combativa polemista e advogada, casada com meu primo José Manoel de Macedo Caron.

Luis Afonso SalturiDe todas as obras literárias que escreveu, há alguma que considera a mais relevante?
Rafael Greca: Gosto de tudo que escrevi. “Da Favela ao Bairro Novo, Ecologia Humana”, publicado em 2010, edições Juruá, é o resumo da minha trajetória até aqui. Enquanto cidadão, poeta, humanista, e agente político empenhado na construção do bem comum.

Luis Afonso SalturiHoje, o que representa para o senhor o Poema ao Rio Iguaçu?

Rafael Greca: Foi a obra mais divulgada. Gosto de meus versos, inspirados por um passeio de barco, a partir do cais do Macuco, por dentro do rio. Tudo o que vi coloquei ali. Iguaçu, o rio que nasce onde eu nasci. Devo ter escrito mais de 60 títulos, quase sempre de pesquisa histórica sobre Curitiba, publicados como boletins da Casa Romário Martins em sua maioria. Divertido foi o livreto Tipos Populares de Curitiba – “Cada Um Cai do Bonde como Pode” – ilustrado pelo Jair Mendes. Para este muito contribuíram as memórias orais de meus tios e tias, narrando episódios de Curitiba antiga, personagens como o Pé Espalhado, a Maria Sete Bundas, o Bataclan, o Limpa Chaminés...

Luis Afonso SalturiQual foi o objetivo da “Coleção Farol do Saber”? Quem escolheu os autores das obras?
Rafael Greca: A ideia foi compartilhar e democratizar os livros da chamada Estante Paranaense, bibliografia tradicional da história do Paraná, já então guardada entre as obras raras das bibliotecas. Obras que falassem da ocupação do território, desde o relato de Cabeza de Vaca na sua entrada sertão adentro, pelas trilhas do Peabirú, até descobrir as Cataratas do Iguaçu, até a viagem de Silveira Neto, pelo rio Paraná, desde Buenos Aires até Foz do Iguaçu, de vapor comercial. Eu prefeito, na ocasião dos 300 anos de Curitiba, quis que pelo menos bibliotecas e escolas, - além do público interessado -, tivessem acesso a livros que antes estavam apenas nas prateleiras do Museu David Carneiro, do Instituto Histórico, ou da seção de livros raros da Biblioteca Nacional, e da Biblioteca Pública do Paraná. Entraram alguns títulos curiosos, havia um conselho editorial, e eu – então prefeito – entusiasmado estimulava sua publicação.

Luis Afonso SalturiGostaria que o senhor mencionasse como foi seu envolvimento com o projeto de lei que tornava obrigatório o ensino de história e geografia do Paraná.
Rafael Greca: Quem não conhece a história de sua terra fica incapacitado para a plena cidadania. Fiz este projeto de lei, pois tive a disciplina no colégio Medianeira. Nosso professor de história padre Vendelino Estanislau Bierger, insistia que, no terceiro ano, os meninos deveriam estudar a história da sua cidade e do seu estado. Coloquei isto num projeto de lei, proposto à Assembleia Legislativa do Paraná, em legislatura anterior a minha prefeitura. A lei custou a ser aplicada na rede estadual de ensino. Fiz o que devia, e a burocracia fez o que costuma.

Luis Afonso SalturiGostaria que o senhor comentasse sobre sua entrada na Academia Paranaense de Letras. O que isso representa em sua carreira?

Rafael Greca: Foi um reconhecimento de pessoas como Túlio Vargas, Helena Kolody, Leopoldo Scherner, Adélia Maria Wolner, Wilson Bóia, João Manuel Simões, e tantos outros, à minha trajetória inquieta, sempre em busca de valorizar e eternizar as memórias de nossa terra e da nossa gente. A princípio não queria aceitar, até porque, antes de mim, deveriam estar na Academia, o Dalton Trevisa, o Domingos Pellegrini, o Miguel Sanchez Neto, o Wilson Martins, mas, depois, em sendo na época Ministro de Estado, achei que se não aceitasse seria visto como soberbo. Então vestiu a capa de verdes louros. Não por vaidade, mas por identidade com o sentimento paranista. O Paraná é muito jovem, precisa ter instituições culturais. Precisa ainda ser inventado. Curitiba, culturalmente, já existe. O Paraná, há que fazê-lo.


Farol do Saber Antônio Machado, bairro Barreirinha, 
em Curitiba. Foto: Luis Afonso Salturi
Luis Afonso SalturiComo foi concebido o Farol do Saber? 
Rafael Greca: No Museu do Vaticano, num raio de inspiração. Eu mostrava para Margarita a estátua do faraó Ptolomeu Filadelfo, o amigo das Letras, criador da Biblioteca de Alexandria. Esta estátua em pórfiro vermelho, veio para os Musei Vaticani trazida desde as escavações do Seráphion, o templo da sabedoria da Vila Adriana. Quis o imperador Adriano honrar este antigo rei que criou e valorizou as bibliotecas. Enquanto eu narrava a história antiga, uma freira baixinha e gordinha, passou entre nós e o Faraó colossal, com sua turma de buliçosos alunos de escola primária. Ao ver as crianças e o Faraó Ptolomeu Filadelfo, num ímpeto me veio a ideia de fazer bibliotecas em forma de Farol. Torres de luz, nas esquinas dos bairros de Curitiba. Módulos de divulgação do conhecimento conjugando a biblioteca com salas de internet, livros e computadores juntos, para definir o começo da era da informação. Ninguém pode chegar aos computadores, pode dominar a internet, se não tiver passado pelos livros. Nada se compara a um cérebro que lê. A inspiração sobreveio. Instantânea, como um raio de luz, enviado desde a noite dos tempos, para o outro lado do mar, para a nossa Curitiba, que eu – então prefeito eleito – queria transformar numa outra Alexandria.

Luis Afonso SalturiAté que ponto sua formação acadêmica foi importante para tornar concretas as ideias em torno de seus projetos para Curitiba?
Rafael Greca: Nós somos o que sabemos. O homem é aquilo que o homem conhece. Claro que a academia me ajudou, mas quase tudo que fiz brotou de uma espécie de inteligência emocional, uma vontade férrea de vencer o pouco tempo que me foi concedido, e fazer o máximo possível num só mandato. Naquele tempo não havia reeleição no Brasil.

Luis Afonso SalturiComparando suas obras ontem e hoje, como o senhor avalia as modificações, o estado de conservação, etc.?
Rafael Greca: Tudo muda, tudo passa. Curitiba até que conserva bem seu acervo. Tem sido uma tradição, esperemos que continue assim. Os faróis do saber estão precisando de uma repaginada, uma repintura, talvez de mais títulos, computadores mais modernos. Mas, cumpriram sua função. Há uma geração de curitibanos formada à luz dos Faróis do Saber.

Luis Afonso SalturiDe onde vem sua preocupação com a identidade do Paraná?

Rafael Greca: Vem do berço. Fui amamentado e acalentado com as estórias e histórias desta terra e da nossa gente. Meu caráter foi temperado com todas as virtudes e vícios do nosso povo. Minha casa era a síntese da formação cultural do Paraná: de um lado os Loyola de Macedo, tradicionais, ervateiros, do outro, os Gasparim Greca, italianíssimos, vênetos e calabreses, imigrantes, com todos os costumes desta condição. Chimarrão, cafezinho, leite quente, pão feito em casa, de trigo e de centeio. O gosto do Paraná. Seus perfumes. A sombra das ramas altas dos pinheiros. Tudo isso eu senti e vivi. Graças a Deus.

Luis Afonso SalturiÉ possível fazer um paralelo com as preocupações de Romário Martins e do Movimento Paranista? 
Rafael Greca: O prefeito Jaime Lerner me designou coordenador da Casa Romário Martins. Sem dúvida, ao estudar a obra do redator do Manifesto Paranista e da primeira História do Paraná, fiquei impregnado deste sentimento que já trazia no peito, desde o berço.


Rio de Pinhões, Memorial da Cidade de 
Curitiba. Foto: Luis Afonso Salturi

Luis Afonso SalturiGostaria que o senhor comentasse sobre o uso pinheiro e o pinhão em seus projetos culturais.
Rafael Greca: Fiz um rio de pinhões para comemorar o tricentenário de Curitiba. No Memorial da Cidade, o rio de pinhões é o nosso Rubicão. Quem não for capaz de transpô-lo não merece entrar na Urbe, não pode penetrar na Cultura local. É preciso entender de pinhas e pinhões para merecer a curitibanidade. O pinhão e os pinheiros, a simbologia e a semiótica desta semente e desta árvore singular, marcam o nascimento da identidade curitibana e paranaense. Intuitivamente, ainda antes de sabermos que as Araucárias vem de antes do dilúvio universal, são anteriores à atual Botânica, e muito anteriores à atual História, nós paranaenses já valorizávamos a bela árvore. Os desenhos de Poty, Lange de Morretes, de João Turin, de Zaco Paraná, os textos de Romário Martins, Bento Munhoz da Rocha Neto, Vieira dos Santos, Brasil Pinheiro Machado, Dalton Trevisan, preenchem de entusiasmo minha alma. Ao governar a Cidade de Curitiba, na ocasião dos seus 300 anos de fundação, fiz o que pude para deixar isto marcado. Pelo menos você percebeu...

Luis Afonso SalturiQuais personalidades paranaenses que considera mais importantes ou que mais admira?
Rafael Greca: Todos aquelas pessoas capazes de pensar o Paraná, investigar seu passado, perscrutar suas raízes, transformar o presente, projetar o futuro. Seria cansativo enumerar o panteon daqueles cuja memória estimo e quero bem.

Luis Afonso SalturiO que o senhor pensa sobre a venda do acervo da casa João Turin?
Rafael Greca: A venda era um direito da família (Jomar Turin). A compra, uma oportunidade oferecida ao comprador (Samuel Lago). Fôra eu prefeito ou governador teria coberto suas ofertas e ficaria com acervo público. Cheguei a comprar algumas peças do Jomar e fundi-las: a Onça esmagando a Cobra, que está no portal do Parque Barigui na av. Manoel Ribas, e as Quatro Estações, que estão no Memorial de Curitiba. O processo imaginado pelo Samuel Lago ainda está começando. Só o tempo dirá se houve acerto nisso. As chances parecem relativamente boas. Fala-se num jardim público de esculturas. Deus permita. Não posso julgar aquilo que ainda não conheço. Mas estou contando os dias em ver de volta às praças de Curitiba as peças retiradas para fundição e cópia: Tiradentes, a Águia de Haia, a Onça Luar do Sertão.

Luis Afonso SalturiAlguns intelectuais têm criticado os monumentos históricos realizados no período em que o senhor foi prefeito, especialmente em relação à comunidade negra que, segundo eles, teve pouca representatividade. Como o senhor avalia tais afirmações?
Rafael Greca: Uma vilania política. Sempre ouvi as vozes da África na minha alma brasileira. Os Negros mereceram da minha gestão todo apoio cultural – seja no carnaval, seja nas manifestações das religiões afro. Transformei seu antigo local de suplício, a praça do velho Pelourinho, numa Arcada de Flores que emoldura uma belíssima escultura de Mulher Negra levando uma Lata D’Água na cabeça. Belíssima estátua de Erbo Stenzel que estava em gesso, sem nunca ter sido fundida, e poderia ter-se perdido. Fiz dela uma graciosa fonte. Para lavar memórias de opressão e escravidão. Uma glorieta para exaltar o trabalho árduo e a contribuição cultural intensa que formou a sociedade brasileira. Alguns, não entenderam, ou não quiseram entender. Queriam uma Disneylândia Zulú – seria uma grosseria cultural fazê-la.

Luis Afonso SalturiQuais as suas lembranças da época em que ocorreram as comemorações dos 300 Anos de fundação da cidade de Curitiba, em que foi colocada uma urna em frente ao Memorial de Curitiba?
Rafael Greca: Foram os dias mais felizes da minha vida. Festas e fogos, luzes da cidade. O espetáculo de José Carreras na pedreira iluminada, a grande procissão histórica na Marechal Deodoro, os espetáculos de Som e Luz com as casas do Largo da Ordem conversando entre si. As crianças de todos os bairros caminhando na Linha Pinhão, para desvendar a história da cidade, para adquirir, em lição de cidadania, o direito de pertinência à Curitiba.


MACEDO, Rafael Valdomiro Greca de. Entrevista concedida a Luis Afonso Salturi. Curitiba, 01 mar. 2014.

Para saber mais sobre Rafael Greca: Site Oficial